Diferentemente dos humanos, os cães não conseguem verbalizar o que estão sentindo. Embora os cães experimentem emoções diferentes das nossas, especialistas reconhecem que eles podem sofrer de problemas de saúde mental semelhantes à depressão. Mas como saber se seu cão pode estar depressivo?
Como Identificar se Seu Cachorro está Depressivo
Os sintomas de depressão em cães podem variar dependendo do indivíduo e da gravidade do problema. No entanto, existem alguns sinais-chave a serem observados. Fique atento a mudanças na linguagem corporal durante interações com pessoas e outros animais, diminuição do apetite e comportamento letárgico.
A Dra. Leslie Sinn dirige a Behavior Solutions, é Diplomada pelo Colégio Americano de Veterinários Comportamentalistas (ACVB) e uma treinadora profissional de cães certificada. “A principal coisa seria uma mudança no comportamento normal”, diz ela. “O que ouço da maioria dos meus clientes é que seu cachorro não está tão disposto a participar das atividades que antes pareciam realmente gostar.”
Ela dá o exemplo de um cão que normalmente adora brincar de buscar. Se um cão que geralmente adora essa brincadeira agora só joga por uma ou duas vezes e depois perde o interesse, é evidente que sua atitude mudou. Você pode então se perguntar: “Meu cachorro está depressivo?”
A Dra. Sinn também menciona outros sinais, como “comportamento carente, necessidade de estar mais próximo do dono”. Alguns cães, no entanto, podem agir de forma oposta e se tornarem excessivamente retraídos.
Excluindo Dor ou uma Condição Médica Subjacente
Os sintomas da depressão em cães são frequentemente semelhantes aos exibidos por um cão que sofre de uma condição médica subjacente ou dor crônica. Às vezes, esses problemas podem até ser gatilhos para a depressão.
A Dra. Sinn sempre incentiva os donos a realizarem uma avaliação médica em seus cães para descartar quaisquer problemas de saúde. “Em geral, se um cão está desacelerando ou relutante em participar, especialmente na ausência de algum evento de mudança de vida, então eu apostaria grandes quantias de dinheiro que é relacionado a uma condição médica ou dor”, ela diz.
Causas Comuns de Depressão em Cães
Se você suspeita que seu pet está sofrendo de depressão, pergunte a si mesmo o que mudou na vida e no ambiente dele. Existem vários gatilhos para a depressão. Às vezes é algo óbvio, mas também pode ser mudanças sutis ou uma combinação de questões que se acumularam ao longo do tempo.
“A depressão, em animais, de qualquer forma, é algo que tendemos a associar a um evento específico”, diz a Dra. Sinn. “Pode ser a perda de um dono, a perda de um companheiro com quem cresceram, ou uma mudança significativa de estilo de vida, como uma mudança de residência, ou a adição ou subtração de membros importantes do grupo social deles. Tende a ser algo específico ao contexto.”
Ela explica que “as pessoas devem observar as circunstâncias ambientais e sociais básicas de seus cães” para entender o que pode ter provocado as mudanças no comportamento deles.
Os gatilhos comuns para a depressão canina podem incluir:
- Luto pela perda de um companheiro humano ou animal
- Dor crônica
- Trauma, incluindo lesões, abuso ou estresse prolongado
- Mudanças ambientais, como mudança de casa, readoção ou a adição de um novo bebê ou pet à casa. Até coisas como crianças voltando às aulas após férias prolongadas ou uma mudança no padrão de trabalho do dono podem ser fatores.
- Isolamento social
- Falta de estimulação física e/ou mental suficiente, especialmente para raças de alta energia e trabalhadoras.
A Dra. Sinn explica que alguns dos casos mais severos de depressão canina que ela viu vieram de “cães que saíram de situações de resgate horríveis — situações de acumulação, fazendas de carne, esse tipo de coisa.”
A Dra. Kelly Ballantyne é uma comportamentalista veterinária certificada e líder dos Serviços de Comportamento Animal Insight. Ela diz que problemas comportamentais graves podem frequentemente resultar de uma combinação de genética, experiências na vida precoce, ambientes físicos e sociais e processos de aprendizagem contínuos. “Frequentemente, encontramos donos de cães experientes que oferecem quantidades adequadas de exercício, enriquecimento, brincadeiras e treinamento, mas que ainda assim têm cães que sofrem de medo, ansiedade e depressão.”
“Você pode ter um cão muito, muito ansioso que apresenta muita supressão comportamental”, acrescenta a Dra. Sinn. “Ele tende a congelar ou se fechar, e todo esse processo pode levar à depressão. O cão não quer comer, não quer se mover, não quer fazer muito de nada. Não quer interagir e, consequentemente, se afasta da interação social.” Nesses casos severos, tratar o problema pode não ser simples.
Como Tratar a Depressão em Cães
Como a Dra. Sinn aponta, os cães são incrivelmente resilientes. Se há um evento significativo associado à depressão deles, frequentemente algumas mudanças simples no ambiente e nas interações sociais podem fazer uma grande diferença. Ela sugere coisas como “passar um tempo extra com eles, levá-los para passeios divertidos adicionais, brincar de cabo de guerra ou ter uma sessão de cuidados”. Normalmente, com um pouco de tempo, atenção extra e enriquecimento agradável, seu cão superará a depressão sem grandes dificuldades.
Para alguns cães, a depressão é um problema mais permanente e pode ser mais sério a longo prazo. Esses cães precisarão de apoio adicional. A Dra. Sinn destaca que esses cães frequentemente tiveram um passado particularmente traumático, e não é surpresa que precisem de ajuda extra.
Ela recomenda as seguintes ações para ajudar um cão com depressão:
- Atenção Extra e Qualidade de Tempo: Dedique mais tempo para atividades que seu cão gosta. Passeios extras, sessões de brincadeiras e momentos de carinho podem ser muito benéficos.
- Enriquecimento Ambiental e Social: Introduza novos brinquedos, atividades e desafios mentais. Envolver-se em jogos e treinos que estimulem o cérebro do seu cão pode ajudar a melhorar seu humor.
- Consistência e Rotina: Manter uma rotina consistente pode fornecer um senso de segurança e previsibilidade, o que é reconfortante para cães com depressão.
- Avaliação Veterinária: Consulte um veterinário para garantir que não haja problemas médicos subjacentes contribuindo para a depressão do seu cão. O tratamento médico pode ser necessário em alguns casos.
- Consideração de Terapias Alternativas: Em alguns casos, terapias como a acupuntura, massagem ou até mesmo medicamentos podem ser recomendados pelo veterinário para ajudar a aliviar os sintomas de depressão.
Frequentemente, recomenda-se orientação comportamental de um profissional, e, em alguns casos, você pode querer discutir o suporte farmacológico com seu veterinário. “Não medicamos por conveniência do dono”, diz a Dra. Sinn. “Mas se o pobre cão é incapaz de funcionar na maior parte do tempo, então algo precisa ser feito para melhorar a qualidade de vida e bem-estar desse indivíduo.”
A Dra. Ballantyne explica que os medicamentos são muito úteis em casos onde o estado emocional subjacente do cão interfere em sua capacidade de aprender novos comportamentos ou afeta negativamente sua qualidade de vida. “Isso se aplica especialmente quando existem vários tipos de gatilhos para o medo ou ansiedade do cão, ou quando esses gatilhos são inevitáveis. Ela exemplifica um cão deprimido que tem pavor de tempestades e vive em uma área onde as tempestades são frequentes por meses ao longo do ano.
“Acho importante reconhecer que as opções farmacêuticas não são o único tratamento para cães que sofrem de doenças mentais, mas sim apenas uma parte do plano de tratamento”, destaca a Dra. Ballantyne. Ela observa que os planos de tratamento mais eficazes podem incluir uma combinação de medicamentos, gerenciamento do ambiente do cão e modificação comportamental.
Este artigo é destinado apenas como orientação geral e não constitui aconselhamento de saúde ou profissional. Situações individuais e leis aplicáveis variam conforme a jurisdição, e você é incentivado a obter aconselhamento adequado de profissionais qualificados nas jurisdições aplicáveis. Não fazemos representações ou garantias sobre qualquer ação tomada por qualquer pessoa seguindo ou utilizando as informações oferecidas ou fornecidas neste artigo, incluindo qualquer informação associada e fornecida em conexão com produtos de terceiros, e não seremos responsáveis por quaisquer danos diretos, indiretos, consequenciais, especiais, exemplares ou outros que possam resultar, incluindo, mas não se limitando a perda econômica, lesão, doença ou morte.
Redatora e mente criativa por trás do blog Universo dos Cães. O objetivo é compartilhar dicas úteis e histórias encantadoras sobre o mundo dos nossos amigos de quatro patas.
